Mesmo com
retomada econômica, desemprego ainda deve demorar a cair, aponta Ipea
- 31/10/2017 16h56
- Brasília
Alex
Rodrigues - Repórter da Agência Brasil
Apesar da
retomada do nível de atividade econômica no país, o Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) avalia que ainda é prematuro falar em tendência à
queda da taxa de desemprego. A informação consta da 63ª edição do Boletim
Mercado de Trabalho, divulgado hoje (31) pelo instituto.
No trimestre
encerrado em setembro, a desocupação atingiu o índice mais baixo do ano, de 12,4%,
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – o que
representa um recuo de 0,6 ponto percentual em comparação com o segundo
trimestre, finalizado em junho.
De acordo
com os técnicos do Ipea, a efetiva redução do desemprego é prejudicada por ao
menos dois motivos. Primeiro, porque a maior oferta de vagas de trabalho está
concentrada no setor informal. Segundo, porque é normal que os efeitos da
recuperação econômica demorem a se refletir no mercado de trabalho.
Jovens
continuam sendo as principais vítimas do desemprego Arquivo/ABr
Com base na taxa média de
desemprego medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua
(Pnad Contínua), do IBGE, o boletim do Ipea aponta que a taxa de desemprego
aumentou 2,3 pontos percentuais (p.p.) no primeiro semestre de 2017, em
comparação ao mesmo período de 2016, passando de uma média de 11,1% para 13,4%.
Enquanto o primeiro semestre do ano registrou uma média de 89,6 milhões de
pessoas ocupadas, no mesmo período de 2016 a taxa era de 90,7 milhões de
trabalhadores ocupados.
Conforme já registrado nas duas
últimas edições do boletim, os jovens entre 14 e 24 anos são as principais vítimas do desemprego. A taxa
de desocupação nesse grupo, atingiu 30,4% no primeiro semestre deste ano, um aumento
de 3,8 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2016.
Saiba Mais
Entre os adultos de 25 a 59 anos
e entre os idosos (acima de 60 anos), também foi constatada elevação no valor
médio das taxas de desemprego entre os primeiros semestres de 2016 e de 2017.
Para o primeiro grupo, a variação média entre os dois períodos foi de 2 pontos
percentuais. Já para a população acima dos 60 anos, a taxa de desemprego
aumentou, em média, 1 ponto percentual.
Detalhamento
Regionalmente, o Nordeste
apresentou a maior variação da taxa média de desemprego durante o primeiro
semestre de 2017 em comparação ao mesmo período do ano anterior, com um
crescimento de 3,1 ponto percentual. Comparando o segundo trimestre deste ano –
quando são identificados indicadores condizentes com um eventual início de recuperação
do mercado de trabalho – com os três meses anteriores, as regiões Norte e
Centro-Oeste registraram as maiores quedas na taxa de desemprego.
Considerando o quesito gênero, o
aumento no valor médio das taxas de desemprego foi praticamente o mesmo para
homens (2,1 p.p.) e mulheres (2,4 p.p.) quando comparados os resultados de
janeiro a junho deste ano e o mesmo período de 2016. Os trabalhadores com
ensino fundamental completo e que ainda não concluíram o ensino médio foram os
mais impactados por esse aumento na taxa média de desemprego durante o primeiro
semestre do ano.
A partir de dados do Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados (Caged),
divulgado pelo Ministério do Trabalho, o boletim destaca que, no segundo
trimestre de 2017, o número de contratações superou o de demissões pela
primeira vez desde o quarto trimestre de 2014. Além disso, os resultados dos
dois primeiros trimestres de 2017 se aproximaram muito dos registrados nos dois
primeiros trimestres de 2016, sinalizando uma interrupção na trajetória de
quedas.
Melhora no rendimento médio
Além disso, o Ipea aponta que, no
primeiro semestre deste ano, o rendimento médio dos trabalhadores foi de R$
2.054,62, valor 2,5% superior ao calculado para o mesmo período do ano passado.
No boletim divulgado hoje, os técnicos afirmam que este foi o indicador a
apresentar o melhor resultado comparativo.
“Nos últimos anos, os principais
indicadores vinham registrando uma trajetória de deterioração das condições do
mercado de trabalho, no Brasil”, concluem os técnicos do Ipea. “Entretanto, os
dados mais recentes para o segundo trimestre mostram uma série de movimentos
que interrompem essas trajetórias negativas […] podendo indicar o início de um
processo de recuperação”.
Edição: Lidia
Neves
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