Bate recorde a Captação da poupança para meses de outubro
Depósitos superaram saques em R$ 7,02 bilhões no mês passado, diz BC
Aplicação financeira mais
tradicional dos brasileiros, a caderneta de poupança continuou a atrair o
interesse em meio à pandemia provocada pelo novo coronavírus (covid-19). No mês
passado, os investidores depositaram R$ 7,02 bilhões a mais do que retiraram da
aplicação, informou nesta sexta-feira (6) o Banco Central (BC). Em outubro do
ano passado, os brasileiros tinham sacado R$ 247,25 milhões a mais do que
tinham depositado.
O resultado de outubro é o maior
já registrado para o mês desde o início da série histórica, em 1995. Com o
resultado do mês passado, a poupança acumula entrada líquida de R$ 144,23
bilhões nos dez primeiros meses do ano.
A captação líquida (diferença
entre depósitos e retiradas) caiu pela metade em relação a setembro, quando os
investidores tinham depositado R$ 13,22 bilhões a mais do que tinham sacado. No
entanto, outubro é tradicionalmente um mês em que os brasileiros retiram
recursos da poupança. Desde 2015, o mês registrava captação líquida negativa.
A aplicação começou o ano no
vermelho. Em janeiro e fevereiro, os brasileiros retiraram R$ 15,93 bilhões a
mais do que depositaram. A situação começou a mudar em março, com o início da
pandemia da covid-19, quando os depósitos passaram a superar os saques.
O interesse dos brasileiros na
poupança se mantém apesar da recuperação da bolsa de valores nos últimos meses.
Nos dois primeiros meses da pandemia, as turbulências no mercado financeiro
fizeram investidores migrar para a caderneta. As oscilações do Tesouro Direto
em outubro também ajudaram a atrair investidores para a segurança da caderneta,
mesmo o rendimento sendo menor.
Rendimento
Com rendimento de 70% da Taxa
Selic (juros básicos da economia), a poupança atraiu mais recursos mesmo com os
juros básicos em queda. Com as recentes reduções na taxa Selic e o repique nos
preços de diversos alimentos, o investimento está rendendo menos que a
inflação.
Nos 12 meses terminados em
outubro, a aplicação rendeu 2,46%, segundo o Banco Central. No mesmo período, o
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) atingiu 3,92%. O IPCA de outubro foi divulgado hoje pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para este ano, o boletim Focus,
pesquisa com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, prevê inflação oficial de 3,02% pelo Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA). Com a atual fórmula, a poupança renderia 1,4% este
ano, caso a Selic de 2% ao ano estivesse em vigor desde o início do ano. No
entanto, como a taxa foi sendo reduzida ao longo dos últimos meses, o
rendimento acumulado será um pouco maior.
Histórico
Até 2014, os brasileiros
depositaram mais do que retiraram da poupança. Naquele ano, as captações
líquidas chegaram a R$ 24 bilhões. Com o início da recessão econômica, em 2015,
os investidores passaram a retirar dinheiro da caderneta para cobrir dívidas, em
um cenário de queda da renda e de aumento de desemprego.
Em 2015, R$ 53,57 bilhões foram
sacados da poupança, a maior retirada líquida da história. Em 2016, os saques
superaram os depósitos em R$ 40,7 bilhões. A tendência inverteu-se em 2017,
quando as captações excederam as retiradas em R$ 17,12 bilhões, e em 2018, com
captação líquida de R$ 38,26 bilhões. Em 2019, a poupança registrou captação
líquida de R$ 13,23 bilhões.
Edição: Valéria Aguiar
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