Informalidade
no mercado de trabalho é recorde, aponta IBGE
Empregos informais chegam a 41,4% da força de
trabalho ocupada no país
Publicado
em 31/10/2019 - 16:39
Por Akemi
Nitahara - Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro
Houve discreto aumento no número
de pessoas ocupadas no país, que chegou a 93,8 milhões no trimestre encerrado
em setembro, um aumento de 0,5% na comparação com o trimestre encerrado em
junho deste ano, equivalente a 459 mil pessoas, e de 1,6% na comparação anual.
Porém, o contingente de pessoas
que conseguiu trabalho no período está em condição de informalidade, que
atingiu um recorde da série histórica, iniciada em 2012, chegando a 41,4% da
força de trabalho ocupada no Brasil.
É o que apontam os dados da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), divulgada
hoje (31), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa de desocupação caiu de 12% para
11,8% na comparação entre o trimestre terminado em junho e o
terminado em setembro, somando 12,5 milhões de pessoas. No terceiro trimestre
de 2018 a taxa ficou em 11,9%. A gerente da Pnad, Adriana Beringuy, destaca que
essas pessoas estão se inserindo no mercado na condição de trabalhadores por
conta própria e de empregados no setor privado sem carteira assinada.
“A gente ressalta que estamos
diante de uma melhora quantitativa desse mercado de trabalho, ou seja, de fato
há mais pessoas trabalhando. Mas a forma de inserção que esses trabalhadores
estão tendo nesse mercado é mais aderente a postos de trabalho associados à
informalidade e com todas as repercussões que isso causa no mercado”, disse
Adriana.
Ocupação
O número de empregados que
trabalham no setor privado sem a carteira assinada chegou a 11,8 milhões de
pessoas no trimestre encerrado em setembro, um aumento de 2,9% na comparação
com o trimestre anterior e de 3,4% em relação ao terceiro trimestre de 2018.
A categoria trabalhadores por
conta própria também apresentou recorde na série histórica, com 24,4 milhões de
pessoas nesta condição, um aumento de 1,2% em relação ao trimestre anterior e
de 4,3% no mesmo período do ano passado. Desse total, 4,9 milhões tem CNPJ, ou
seja, registro como empresa, e 19,5 milhões não têm.
Segundo Adriana, o crescimento da
ocupação ocorre desde 2018, mas não em setores que tradicionalmente apresentam
grandes contratações, como indústria, construção e comércio, sendo uma reação
concentrada em determinados segmentos.
“O panorama não difere de outras
divulgações que nós tivemos. Alguns setores isoladamente tiveram destaque nessa
absorção de trabalhadores, como é o caso da construção, em edificações e
serviços básicos, não são grandes obras de infraestrutura. Também observamos a
continuidade do fenômeno do crescimento de trabalhadores na área de transporte
terrestre de passageiros, os motoristas, e um pouco ali também de reação na
parte de terceirização de mão de obra”, disse.
Rendimento
Com o crescimento da
informalidade, os dados apontam uma estagnação do rendimento médio habitual,
fechando o período analisado em R$ 2.298, ante R$ 2.297 no trimestre anterior e
R$ 2.295 no terceiro trimestre do ano passado.
A pesquisa também indica a
diminuição contínua da proporção da população ocupada que contribui para a
Previdência Social, que passou de 62,8% no trimestre terminado em junho para
62,3% no período terminado em setembro, somando 58,5 milhões de pessoas. No
mesmo período de 2018, a taxa era de 63,7%.
A gerente da pesquisa do Pnad
disse que o mercado de trabalho está se estabilizando e desde 2017 apresenta a
sazonalidade anual esperada, porém em níveis muito acima da baixa histórica de
desocupação do país, verificada no fim de 2013, quando a taxa foi de 6,2%, com
um contingente de 6,5 milhões de pessoas sem trabalho.
“De 2017 para cá o mercado de
trabalho tem mostrado a sua sazonalidade mais característica, que é o
crescimento da desocupação no primeiro trimestre e nos trimestres posteriores
essa desocupação vai cedendo e a população voltando ao mercado de trabalho.
Isso é interessante porque durante os anos de 2016 e 2015 não havia essa
sazonalidade, você só tinha uma população desocupada que crescia em qualquer
momento do ano”.
Adriana enfatiza que o mercado de
trabalho está mostrando recuperação, porém sem o “fôlego” necessário para
retomar os patamares observados até 2014.
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Edição: Fernando
Fraga
Tags: informalidade emprego
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