Crise
provoca queda de 4% no número de empregadores no Rio de Janeiro
- 21/09/2016 16h18
- Rio de Janeiro
Flávia
Villela - Repórter da Agência Brasil
Dos ocupados no estado do Rio, 48,9% tinham
carteira assinada, 11,9% trabalhavam sem carteira, 13% eram funcionários
públicos e 22,7% trabalhavam por conta própria. O percentual de empregadores
era de 3,1% e o de não remunerados 0,4%Arquivo/Agência Brasil
A crise econômica brasileira não
aumentou apenas o desemprego no estado do Rio de Janeiro, mas também fez cair o
de empregadores em cerca de 4% em 2015, principalmente os de menor
qualificação. A informação faz parte da pesquisa divulgada hoje (21) pelo
Instituto de Estudos sobre Trabalho e Sociedade (IETS), em parceria com o
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/RJ).
A queda não foi registrada na
média nacional (6,4%) nem na do Sudeste (10%). Enquanto o número de
empregadores aumentava no restante do Brasil no quarto trimestre do ano
passado, no Rio caiu 23,4%. Em compensação, o trabalho por conta própria
cresceu 5,7% entre 2014 e 2015, mais que a média nacional (4,4%), absorvendo
aqueles que perderam ou não encontraram emprego formal.
Com base na Pesquisa Nacional de
Amostras por Domicílio (Pnad) Contínua, os dados revelam que 25% dos
empreendedores que deixaram de ser empregadores seguiram o negócio por conta
própria, com perda de 9% na renda.
O estudo indica também que os
empregadores com diploma universitário sentiram menos a crise do que os que não
cursaram a faculdade. Os empregadores com maior escolaridade sobreviveram
melhor à crise e aumentaram seus rendimentos em cerca de 6,5%, com média de
R$5,4 mil, maior crescimento no estado.
Pesquisadora do IETS, Adriana
Fontes explicou que o aumento da renda de empregadores ocorreu apenas no Rio.
“O empregador teve maior crescimento da renda no estado, mas diminuiu em
números. Houve redução do número de empregadores com ensino médio completo e
incompleto e aumentou os de educação superior. Já o aumento dos trabalhadores
por conta própria ocorreu mais entre os de ensino médio completo.”
Mais da metade da queda no número
de empregadores ocorreu no comércio, sobretudo nas atividades ligadas aos
supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo.
A crise na indústria do petróleo
também foi fator importante para a alta da taxa de desemprego no estado,
afetando o setor de óleo e gás e da construção civil, com reflexos em todos os
demais setores. Entretanto, para os pesquisadores a crise não explica a forte
presença de trabalhadores por conta própria e a pequena participação de
empregadores no Rio de Janeiro, que são características da economia do estado.
Mais da metade da queda no número de empregadores
ocorreu no comércioArquivo/Agência Brasil
Uma das coordenadoras da
pesquisa, Valéria Pero, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, esclareceu
que no Rio de Janeiro é menos frequente que as médias do Sudeste e brasileira
que um trabalhador por conta própria progrida para a situação de empregador.
“Além disso, se manter como empregador no Rio de Janeiro é mais difícil”,
acrescentou.
A pesquisadora destacou a
importância de se oferecer incentivos e apoio aos trabalhadores por conta
própria, cuja maioria tem ensino médio completo e o segundo menor rendimento
entre as posições na ocupação (R$1.734) no estado, atrás apenas dos
trabalhadores sem carteira (R$1.142).
“A renda média desse segmento no
Rio é inferior à do Sudeste. Melhorar a qualidade dos serviços passa pela
produtividade do trabalho, pela qualificação do trabalhador e assistência
técnica”, afirmou. “É importante uma política mais integrada dos diferentes
órgãos responsáveis, seja a partir de cadastro de serviços ou certificação de
qualidade, para o desenvolvimento do trabalho por conta própria”.
Para o diretor superintendente do
Sebrae no Rio, Cezar Vasquez, além da falta de políticas públicas que
fortaleçam o pequeno empreendedor, o ambiente de alta informalidade no estado
também prejudica o empreendedorismo. “O ambiente institucional do Rio torna
difícil essa implementação de políticas empreendedoras, como a convergência
entre diferentes atores. Acho que essa cultura de não valorizar o
empreendedorismo contamina as agendas públicas”, disse Vasquez.
“Trabalhar a pequena empresa no
Rio de Janeiro é tão estratégico como atrair ou fortalecer certos setores. É
estratégico para a melhoria da produtividade média do Rio de Janeiro”.
A taxa de desemprego no Brasil
chegou a 8,5% no ano passado, frente a 6,8% em 2014. Já a taxa do Rio foi um
pouco menor (7,6%), em comparação com 6,2% no ano imediatamente anterior.
Dos ocupados no estado, 48,9%
tinham carteira assinada, 11,9% trabalhavam sem carteira, 13% eram funcionários
públicos e 22,7% trabalhavam por conta própria. O percentual de empregadores
era de 3,1% e o de não remunerados 0,4%.
Edição: Armando
Cardoso
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